segunda-feira, 14 de maio de 2018
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
PROCURA-SE UM AMIGO
PROCURA-SE
UM AMIGO
Não precisa ser homem,
basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber
falar, calar, sobretudo saber ouvir.
Tem que gostar de poesia,
de madrugada, de pássaros, de sol, de lua, do canto, dos ventos e das canções,
da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então, sentir falta de não
ter esse amor.
Deve amar o próximo e
respeitar a dor que os passantes levam consigo.
Não é preciso que seja de
primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido
enganado, pois todos os amigos são enganados.
Não é preciso que seja
puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar.
Deve ter um ideal e medo de
perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso
deixa. Tem que ter ressonância humana, seu principal objetivo deve ser o de
amigo.
Deve sentir pena das pessoas
tristes e compreender o imenso valor dos solitários. Deve gostar de crianças e
lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para
gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo.
Que saiba conversar de
coisas simples, de orvalho, de grandes chuvas e das recordações da infância.
Precisa-se de um amigo
para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e de triste durante o
dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de
ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de
molhar-se depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um
amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se
tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar, para não viver
debruçado no passado em busca de memórias perdidas.
Precisa-se de um
amigo que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo,
para se ter a consciência de que ainda se vive. ( Pedro Block)
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